A ofensiva contra o golpe do falso advogado ganhou força nesta quarta-feira, 19 de novembro, quando a OAB Paraná realizou o Dia D de Conscientização em todo o Estado. Em Marechal Cândido Rondon e municípios da comarca, equipes da subseção local saíram às ruas para orientar a população sobre o crime que se tornou um dos mais recorrentes da região, usando dados públicos de processos para enganar vítimas.
A mobilização organizada pela OAB rondonense abrangeu Marechal Cândido Rondon, Quatro Pontes, Mercedes, Entre Rios do Oeste e Pato Bragado, com panfletagens realizadas entre 10h e 14h. O presidente da subseção, doutor Leandro Marcondes, destacou que a campanha integra uma ação estadual articulada pela seccional da OAB Paraná e apoiada por advogados voluntários.
Golpe simples, prejuízo alto
Apesar da aparência sofisticada, o golpe do falso advogado não exige tecnologia de ponta. Os criminosos usam informações disponíveis em processos públicos, como número do caso, valores a receber e dados pessoais, e se passam pelo profissional responsável, solicitando depósitos para supostos custos finais. O método, segundo o presidente da subseção, mancha injustamente a imagem da advocacia, já que os golpistas agem sem qualquer vínculo com os profissionais envolvidos.A principal recomendação é clara: nenhum cliente deve fazer transferências a pedido do advogado sem checar a autenticidade do contato. A orientação é que o número profissional esteja salvo no celular, permitindo a identificação do escritório. Alguns advogados, inclusive, passaram a adotar senhas internas, inseridas em contrato, para confirmação de identidade. E, sempre que possível, a conferência presencial continua sendo o caminho mais seguro.
Região está entre as mais atingidas
A Polícia Civil de Marechal Cândido Rondon, por meio do setor de estelionatos, acompanha de perto o avanço do crime. Segundo informações repassadas à OAB, tentativas de golpe ocorrem diariamente, chegando a dois ou três novos casos por dia. O estelionato é hoje um dos crimes mais registrados na região, perdendo apenas para ocorrências da Lei Maria da Penha.A OAB reforça que os dados usados pelos golpistas não resultam de vazamento, pois a maioria dos processos é pública. O problema está no uso indevido dessas informações. Por isso, a entidade defende mudanças urgentes: penalidades mais severas para bancos digitais que abrem contas fraudulentas, derrubada rápida de números usados por golpistas e bloqueio ágil de valores enviados via Pix.
Mecanismos de reembolso precisam de rapidez
Vítimas que realizam transferência indevida têm pouco tempo para tentar reaver valores. O caminho é acionar imediatamente o MED, mecanismo obrigatório nos bancos, criado pelo Banco Central para bloquear recursos suspeitos de fraude.
Mesmo com o Dia D concluído, o trabalho da OAB seguirá adiante. A subseção está estruturando uma força-tarefa para auxiliar vítimas, orientar advogados, auxiliar na formalização de boletins de ocorrência e colaborar com a Polícia Civil nos encaminhamentos jurídicos. A entidade também mantém diálogo com autoridades estaduais e federais e participa de discussões nacionais envolvendo, inclusive, a Meta, responsável pelo WhatsApp, na busca por ferramentas que agilizem o bloqueio de números criminosos.
Com mais uma ação de rua, a OAB reforça que a prevenção depende de informação, cautela e checagem. Quem tiver dúvidas pode procurar diretamente a subseção ou o escritório de seu advogado. A mobilização segue, e a entidade garante que continuará atuando para frear um golpe que se espalha com velocidade pela região.