A economia brasileira perdeu fôlego no terceiro trimestre de 2025. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado um termômetro de curto prazo do PIB, caiu 0,8% no período, refletindo o impacto dos juros em 15% ao ano e uma disseminada fraqueza entre agropecuária, indústria e serviços.
Os dados mostram um quadro de retração amplo. A agropecuária registrou o tombo mais expressivo, com queda de 4,2% em meio a quebras de safra e condições climáticas adversas. A indústria recuou 0,9% sob pressão de custos financeiros elevados e demanda mais fraca. Já o setor de serviços, responsável por mais de 70% do PIB, teve retração de 0,2%, encerrando meses de expansão e sinalizando menor circulação de renda.
O ambiente de crédito caro segue como principal freio da economia. Com a Selic mantida em 15% ao ano, empresas adiam investimentos e famílias reduzem o consumo, movimento considerado pelo Banco Central como compatível com o objetivo de controlar a inflação.
Em setembro, o IBC-Br recuou 0,1% frente a agosto, revertendo a alta de 0,3% do mês anterior. Ainda assim, na comparação com setembro de 2024, houve avanço de 2,1%. O acumulado entre janeiro e setembro registra alta de 2,5%, e, em 12 meses, crescimento de 2,8%.
O indicador não substitui o PIB calculado pelo IBGE, mas costuma antecipar tendências. O dado oficial do terceiro trimestre será divulgado no início de dezembro.
Mesmo com a desaceleração, o cenário internacional ainda enxerga o Brasil com relativa segurança. Para Luciano Bravo, CEO da Inteligência Comercial, o recuo da atividade somado a juros altos e inflação controlada reduz o risco percebido por credores estrangeiros, favorecendo operações de financiamento global.
Segundo o executivo, empresas com capacidade de endividamento e atuação internacional - como exportadoras, companhias de infraestrutura e grupos com receita em moeda forte -seguem encontrando oportunidades no crédito externo, mesmo em um ambiente doméstico menos aquecido.
Caso o ciclo de queda dos juros se confirme a partir de 2026, o custo de captação internacional deve melhorar, ampliando a possibilidade de novos investimentos privados e renegociação de dívidas corporativas. Até lá, o país navega entre disciplina monetária e perda de ritmo econômico, em um equilíbrio que seguirá sendo testado nos próximos trimestres.