Durante o espaço de comunicações parlamentares, o presidente da Câmara de Vereadores de Marechal Cândido Rondon, Valdir Sanchser (Valdirzinho), fez um forte desabafo sobre o acúmulo de obras inacabadas no município e demonstrou indignação diante da possibilidade de o Batalhão de Polícia de Fronteira (BPFron) ser transferido para Guaíra.
Segundo o vereador, a situação ganhou relevância após informações de que o governo estadual estaria avaliando a mudança de sede do batalhão, atualmente instalado em um prédio alugado e com estrutura precária em Marechal Cândido Rondon.
Em tom de desabafo, Valdirzinho afirmou que a cidade vive um momento preocupante no que diz respeito à execução de obras públicas:
“Marechal Rondon hoje, com todo o respeito, está sendo referência de obras inacabadas. Vem o teatro, que já está fazendo quase maioridade. Nós temos a praça, o lago municipal, que ainda não começou. E agora o batalhão de fronteira, uma obra com recursos garantidos e que não termina por falta de detalhes administrativos”.
O parlamentar recordou a luta política pela instalação do batalhão no município, citando o trabalho do ex-deputado Élio Lino Rusch e o compromisso assumido à época pelo ex-governador Beto Richa.
“Estive junto quando o então governador disse ao deputado Hélio Rouch: ‘Se não sair em Marechal Cândido Rondon, não sai em lugar nenhum’. E agora vemos a obra parada, o dinheiro do BID depositado e a construção sem conclusão. É lamentável”.
Valdirzinho afirmou que fez ligações a autoridades estaduais, mas não obteve retorno, e cobrou atuação mais firme dos representantes políticos locais junto ao governo do Estado:
“É impossível termos deputados e líderes do governo e ninguém chegar no governador Ratinho Junior para dizer que é preciso terminar essa obra. Não é justo com quem garante a segurança da nossa população. Marechal Rondon não merece carregar esse peso”.
O vereador ainda ironizou a situação, dizendo que talvez seja necessário “trazer alguém para benzer Marechal Rondon” para que as obras saiam do papel.
De acordo com informações discutidas em plenário, a construção da nova sede do BPFron, embora moderna, enfrenta entraves técnicos devido à presença de rochas no subsolo, o que aumentou o custo da obra e exigiu recursos adicionais.
Há também quem acredite que a possível transferência do batalhão para Guaíra possa ter motivação política, em razão da recente resistência popular e legislativa à instalação de uma penitenciária estadual em Marechal Cândido Rondon. A Câmara e o Executivo aprovaram uma lei que impediu a doação de área ao Estado para a construção da unidade prisional - decisão que teria desagradado setores do governo.
Enquanto isso, Guaíra avança rapidamente: além da visita de representantes estaduais ao prefeito, há estrutura física pronta e apoio institucional da Itaipu Binacional, o que torna o cenário favorável à mudança do BPFron.
O clima de apreensão no Legislativo rondonense aumentou diante do silêncio do vereador coronel Welyngton, que não se manifestou durante o debate - gesto que pode ser interpretado como um sinal de que a decisão já pode ter sido tomada.