O hedonismo é, por sua natureza exaustivo. Leva a pessoa a perseguir, devorar e renovar a busca. O próprio processo atropela o prazer, porque não oferece oportunidade de desfrutar o que com tanta voracidade foi buscado.
O prazer é engolido e jogado de lado sem pensar duas vezes, enquanto o perseguidor procura uma nova presa para lhe proporcionar um novo prazer, igualmente efêmero.
Os festejos do Antigo Testamento, designados por Deus para que seu povo os observasse, possivelmente tenham sido planejados para evitar o ciclo hedonista da busca vazia.
Além de reafirmar a dependência a Deus, renovar seu compromisso com ele e ensinar às novas gerações sua fidelidade e poder, os festejos também serviam para prolongar o prazer coletivo das bênçãos de Israel.
Ainda hoje podemos apreciar como milhares de anos de história conferiram à Páscoa, por exemplo, uma grande riqueza, renovando e sustentando o prazer de celebrações que já duram séculos.
Talvez porque nossa cultura valorize a eficiência, ou talvez porque estejamos nos acostumando a ver grande parte de nossa tecnologia e tradições se tornarem obsoletas em nossa vida, não somos aptos a fazer memória.
O que Deus fez por nós esta semana? É uma pergunta que talvez pudéssemos responder bem, mas e há um ano ou cinco anos atrás? As memórias são nebulosas, pois não foram cultivadas.
Sem cultivo, fica perdido o prazer de se maravilhar com a providência de Deus, de chorar alegremente por seu perdão renovado e de regozijar-se com seus milagres.
(Adaptado por T. H. Vanderlinde da obra “O pensamento vivo de C. S. Lewis: uma jornada espiritual pela obra do autor de As crônicas de Nárnia”)