Saúde Saúde do homem
Homens lideram causas de morte no Paraná e vivem menos por falta de prevenção
Dados da Secretaria da Saúde revelam que 66% dos óbitos em 2025 foram masculinos; resistência em procurar atendimento é apontada como principal causa
05/11/2025 13h58
Por: João Livi Fonte: Secretaria de Estado da Saúde
Campanha Novembro Azul reforça a importância da prevenção e do autocuidado entre os homens paranaenses. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

No Paraná, os homens continuam sendo maioria nas estatísticas de mortalidade. Segundo dados do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), em 2025, 66% dos 15.656 óbitos registrados entre pessoas de 20 a 59 anos foram de homens. Eles lideram praticamente todas as causas de morte e faixas etárias até os 80 anos - um retrato que reflete não apenas fatores biológicos, mas também comportamentais e culturais, como a resistência em buscar atendimento médico.

Mortes evitáveis e doenças silenciosas

Entre as cinco principais doenças que atingem homens e mulheres, apenas nas neoplasias (cânceres) há predominância feminina. Já entre os homens, as causas mais comuns de morte estão ligadas a doenças do aparelho circulatório e digestivo, infecções e parasitoses, além das causas externas de morbidade e mortalidade - que incluem homicídios, acidentes, quedas e afogamentos.

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Estudos do Ministério da Saúde também indicam que eles têm 40% a 50% mais risco de morte por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como cardiopatias, doenças respiratórias, câncer e diabetes. Segundo especialistas, a falta de prevenção e acompanhamento médico agrava quadros que poderiam ser diagnosticados e tratados precocemente.

A procura tardia pelos serviços de saúde

De janeiro a setembro de 2025, apenas 28% dos atendimentos individuais realizados na faixa de 20 a 59 anos na Atenção Primária à Saúde (APS) do Paraná foram destinados a homens. O número mostra uma clara subutilização dos serviços básicos, mesmo quando disponíveis.

As consequências aparecem nas internações por doenças evitáveis:

Segundo o secretário estadual da Saúde, Beto Preto, o desafio é mudar a mentalidade masculina em relação ao cuidado com a própria saúde. “Os homens ainda procuram os serviços de saúde apenas em situações extremas, quando o problema já está avançado. Isso aumenta o risco de complicações e de mortalidade por doenças que poderiam ser evitadas ou controladas com diagnóstico precoce”, alerta.

Cultura da invulnerabilidade e o desafio do autocuidado

A resistência em procurar atendimento médico está relacionada a questões culturais, que associam masculinidade à força e invulnerabilidade. Esse comportamento resulta em diagnósticos tardios e expectativa de vida menor - enquanto as mulheres paranaenses vivem, em média, 82,6 anos, os homens morrem mais cedo, muitas vezes por causas preveníveis.

Campanhas como o Novembro Azul buscam quebrar esse tabu e incentivar o autocuidado e a prevenção. O Governo do Paraná, por meio da Sesa, realiza ações contínuas voltadas à saúde masculina, com cursos e capacitações para profissionais sobre atenção integral ao homem e saúde em contexto de violência e proteção de meninas e mulheres.

Doenças mais comuns entre homens

O levantamento da Sesa, baseado no Sistema de Informação da Atenção Básica (Sisab), aponta os principais motivos de atendimento masculino entre janeiro e setembro de 2025:

O câncer bucal é outro alerta: o Paraná registra 920 casos anuais, sendo 720 em homens e 200 em mulheres - uma incidência 3,6 vezes maior no público masculino, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA).

Políticas públicas e acesso ampliado

A Sesa mantém uma rede estruturada para ampliar o acesso aos cuidados de saúde masculina. Além das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) - que oferecem exames rápidos para ISTs com resultados em até 30 minutos -, o estado conta com Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), programas de reabilitação e projetos voltados ao bem-estar físico e mental.

Também são reforçadas medidas preventivas como monitoramento da pressão arterial, alimentação equilibrada, prática de atividades físicas, abandono do tabagismo, redução do consumo de álcool e adesão às campanhas de vacinação.

Fechamento
Os números mostram que a saúde do homem no Paraná ainda é um desafio que vai além dos consultórios: trata-se de mudar hábitos, quebrar preconceitos e promover uma nova cultura de autocuidado.
Como reforça o secretário Beto Preto, “prevenir é a melhor forma de viver mais e melhor” — uma mensagem que o Novembro Azul busca transformar em atitude ao longo de todo o ano.