Quando a economia desacelera, a primeira reação de muitas empresas é apertar os cintos, cortar investimentos e adiar planos de expansão. Mas, em meio à retração, há quem enxergue o caos como terreno fértil para crescer. Dados da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostram que 53% dos empreendedores digitais no Brasil conseguiram manter ou até ampliar seus faturamentos nos últimos 12 meses - um sinal claro de que a crise não atinge todos da mesma forma.
Para o estrategista digital Leandro Ferrari, cofundador do Grupo XFlow, períodos de incerteza funcionam como um filtro natural que separa os negócios frágeis dos sólidos. Ele explica que o erro mais comum é recuar por medo, quando o momento exige exatamente o oposto: “A oportunidade não está no mar calmo, mas na capacidade de olhar o caos com método, encontrar a dor do mercado e entregar soluções que façam sentido agora”.
Segundo Ferrari, o segredo está em substituir o improviso pela inteligência operacional. Negócios que dependem apenas de tendências passageiras ou do volume de tráfego tendem a sofrer mais. Já aqueles com estrutura de funil, segmentação definida e processos claros conseguem navegar melhor mesmo em águas turbulentas.
O levantamento da FGV reforça que empresas digitais com público bem segmentado e processos de aquisição, nutrição e conversão consolidados são menos impactadas por oscilações econômicas. Em vez de depender de tráfego em massa, elas sustentam o crescimento com base em relacionamentos sólidos e produtos validados.
Outro ponto essencial é a capacidade de adaptação. Rever modelos de entrega, ajustar a esteira de produtos e reagir rapidamente às mudanças de comportamento do consumidor se tornam diferenciais decisivos. Ferrari resume: “Negócio que depende de uma única oferta não sobrevive à oscilação. Crescer na crise exige reposicionamento rápido, sem perder essência nem consistência”.
Enquanto muitos esperam a maré melhorar, os estrategistas que unem visão e ação seguem escalando. No universo digital, o crescimento em tempos desafiadores não é sorte - é maturidade empresarial. A crise, afinal, não destrói o mercado: apenas revela quem está realmente preparado para prosperar nele.