Meio Ambiente Outubro mais frio
Outubro atípico no Paraná: mês teve frio fora de época, ventos acima de 100 km/h e chuvas abaixo da média em mais da metade do Estado
Dados do Simepar confirmam sensação da população: temperaturas ficaram até 2°C menores que o normal e o clima alternou entre calor extremo e frentes frias persistentes
03/11/2025 14h02
Por: João Livi Fonte: Simepar
Céu encoberto e alunos enfrentando o frio no caminho da escola: outubro registrou temperaturas até 2°C abaixo da média e ventos superiores a 100 km/h em várias cidades do Paraná. (Foto: Geraldo Bubniak/AEN)

O que os paranaenses sentiram na pele durante outubro foi confirmado pelos dados das estações meteorológicas do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar): o mês foi marcado por temperaturas abaixo da média histórica, chuvas irregulares e fortes rajadas de vento, que chegaram a ultrapassar os 110 km/h em algumas regiões.

Frio persistente e sensação invernal em plena primavera

As temperaturas médias em outubro ficaram até 2°C abaixo da média histórica em grande parte do Estado. Em Cascavel, onde a média costuma ser de 21,6°C, o registro foi de apenas 19,5°C. Situação semelhante ocorreu em Altônia, Cianorte, Foz do Iguaçu, Maringá, Palotina, Toledo, Francisco Beltrão e Santa Helena, entre outras cidades.

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O meteorologista Reinaldo Kneib, do Simepar, explica que o fenômeno foi resultado da atuação de massas de ar frio incomuns para a época. “Tivemos a influência da oscilação Antártica em fase negativa, o que favorece a chegada de frentes frias ao Sul do país e reduz a frequência dos dias quentes típicos da primavera”, destaca.

Recordes de frio e contrastes extremos

O frio foi tanto que Cornélio Procópio registrou 10,4°C no dia 20 - a menor temperatura para outubro desde o início das medições, em 2018. Em Laranjeiras do Sul, a mínima chegou a 8,3°C, e no distrito de Horizonte, em Palmas, o termômetro marcou 4,7°C, o valor mais baixo já registrado na estação desde 2019.

No entanto, o mês também começou com ondas de calor intensas. No dia 5 de outubro, Loanda chegou a 39,5°C, a segunda temperatura mais alta do ano no Estado, atrás apenas dos 42,5°C registrados em Capanema em abril. Outras cidades, como Maringá (36,4°C), Paranavaí (37,8°C) e Campo Mourão (35,7°C), também registraram calor recorde antes da virada abrupta no clima.

Chuva constante, mas abaixo da média em grande parte do Paraná

Embora o mês tenha sido marcado por chuvas frequentes, o volume acumulado ficou abaixo da média histórica em 25 das 43 estações meteorológicas do Simepar. Segundo o levantamento, o destaque negativo foi Jaguariaíva, onde choveu apenas 42,8 mm — menos de um terço da média de 168,3 mm.

Por outro lado, Altônia teve o maior desvio positivo, com 344 mm, ou 118 mm acima da média. Cidades como Cornélio Procópio, Guaíra, Maringá e Paranaguá atingiram a média de chuva do mês 11 dias antes do fim de outubro.

Houve a formação de vários sistemas meteorológicos de média escala, que geraram tempestades rápidas e intensas - típicas da primavera -, agravadas pela presença de frentes frias no Atlântico”, explica Kneib.

Ventos violentos e tempo severo

As rajadas de vento também marcaram o mês. Em 16 de outubro, Cascavel registrou 110,5 km/h e Nova Tebas teve 103,7 km/h, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Os eventos causaram quedas de árvores, destelhamentos e interrupções de energia em diversas regiões.

Capital gelada e céu cinzento

Em Curitiba, o cenário foi de céu nublado e frio persistente: apenas nove dias sem chuva em todo o mês. A capital chegou a 11,9°C de máxima em 8 de outubro, uma das menores já registradas para o mês desde 1997. Durante vários dias consecutivos, as temperaturas máximas não passaram de 15°C, o que reforça o caráter atípico do período.

Interior foi o mais atingido

Os fenômenos meteorológicos de outubro atingiram com maior intensidade as regiões do Interior, onde as tempestades e o frio alternaram entre extremos. “No Centro-Leste e Litoral, os impactos vieram de sistemas frontais estacionados por vários dias, enquanto no interior predominou o avanço de frentes frias e tempestades localizadas”, detalha Kneib.

Com oscilações bruscas, o mês de outubro de 2025 entrou para os registros do Simepar como um dos mais irregulares e imprevisíveis da década, marcando o início de uma primavera de contrastes - com chuva, frio e calor extremo convivendo lado a lado.