A inflação voltou a subir em Curitiba e Região Metropolitana, registrando alta de 0,37% em setembro, segundo o IBGE. O resultado ficou abaixo da média nacional, de 0,48%, mas mantém o custo de vida em níveis acima da meta anual de 4,50%, pelo sexto mês consecutivo. No acumulado de 12 meses, a taxa regional chegou a 5,04%, ligeiramente inferior ao índice nacional de 5,17%.
De acordo com o assessor econômico da Fecomércio Paraná, Lucas Dezordi, a inflação oficial deve continuar acima do limite máximo da meta em 2025, mas há sinais de desaceleração nos próximos meses. “Observaremos, portanto, uma inflação oficial acima de 4,50% em 2025, mas com perspectivas de desaceleração”, avalia.
O avanço da inflação em setembro foi impulsionado principalmente pelo aumento nos preços dos alimentos e da energia elétrica. As frutas apresentaram as maiores elevações, com destaque para melão (+14,57%), manga (+13,16%) e melancia (+5,95%). A energia elétrica residencial subiu 12,24%, refletindo o fim da incorporação do bônus de Itaipu e a bandeira tarifária vermelha patamar 2, em vigor desde 1º de setembro, que adicionou R$ 7,87 a cada 100 KWh consumidos.
Outros aumentos vieram de itens como cenoura (+10,70%), blusas femininas (+3,82%), chocolate (+3,66%) e ar-condicionado (+3,55%).
Segundo Dezordi, o aumento na energia deve ser temporário. “Com a mudança do regime tarifário da bandeira vermelha para a verde, o impacto nas contas de luz deve diminuir”, explica o economista.
Alguns alimentos essenciais ajudaram a conter a pressão inflacionária no mês. As maiores quedas em Curitiba e Região Metropolitana foram registradas em pepino (-30,83%), batata-inglesa (-15,63%), cebola (-12,73%), alho (-11,18%), laranja-pera (-9,26%), ovo de galinha (-7,51%), seguro voluntário de veículos (-7,41%), tomate (-6,83%) e arroz (-5,46%).
Dezordi destaca o papel do grão como estabilizador: “A deflação do arroz é recorrente e tem contribuído para conter o avanço geral dos preços”, afirma.
Entre janeiro e setembro, o grupo de alimentos e bebidas continua exercendo o maior impacto sobre o orçamento das famílias curitibanas. Produtos como pepino (+40,35%), café moído (+38,12%), melão (+36,99%), manga (+36,62%) e cenoura (+22,63%) registraram expressivas elevações.
Em contrapartida, o feijão-preto (-35,21%), a laranja-pera (-28,47%), o arroz (-25,36%), a batata-inglesa (-23,55%) e a cebola (-22,98%) acumularam fortes reduções, refletindo o comportamento irregular do setor agrícola ao longo do ano.
No recorte de outubro de 2024 a setembro de 2025, produtos impactados pela estiagem e pelas queimadas tiveram reajustes expressivos em Curitiba. O café moído acumulou alta de 53,43%, seguido do melão (+30,11%), capa de filé (+29,20%), acém (+29,05%), chocolate (+21,92%) e alcatra (+21,60%).
“As queimadas no final do ano passado reduziram as pastagens, o que pressionou o preço das carnes. Nos próximos meses, os valores tendem a se estabilizar e até recuar um pouco”, explica Dezordi.
Já entre as maiores quedas no período estão batata-inglesa (-46,37%), cebola (-45,42%), feijão-preto (-32,46%), arroz (-27,54%), tilápia (-12,23%) e ônibus urbano (-9,67%).