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Destituída de utilidade
Tarcísio Vanderlinde[i]
15/10/2025 13h20
Por: João Livi
Tarcisio Vanderlinde

Se permitirmos que as pessoas comecem a espiritualizar e refinar, ou, como elas diriam, “aprofundar” o sentido da palavra cristão, ela também vai rapidamente se tornar inútil.

Em primeiro lugar, os próprios cristãos não poderão aplicá-la a ninguém. Não cabe a nós dizer quem, no sentido mais profundo, está próximo do espírito de Cristo, pois não temos o dom de sondar os corações humanos.

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Não nos cabe julgar. Aliás, nos é proibido julgar. Para nós, seria uma maldosa arrogância dizer que um homem é ou não é cristão nesse sentido refinado. E, obviamente, uma palavra que não podemos aplicar não é de grande utilidade.

Já os descrentes ficarão exultantes, sem dúvida, de a utilizar neste sentido refinado. Em suas bocas, ela se tornará simplesmente um elogio. Quando chamarem alguém de cristão, estarão somente dizendo que o julgam uma boa pessoa.

Este uso da palavra, porém, não enriquecerá a língua, pois já dispomos do adjetivo bom. Nesse meio-tempo, a palavra cristão terá sido destituída da verdadeira utilidade que poderia ter.

 

Adaptado por T. H. Vanderlinde da obra “Cristianismo puro de simples de C. S. Lewis (1898-1963). Lewis é autor da notável série literária “As crônicas de Nárnia”.

[i] tarcisiovanderlinde@gmail.com