Os casos crescentes de bebidas alcoólicas adulteradas e contaminadas por metanol, substância altamente tóxica e de difícil detecção, voltaram a preocupar autoridades e consumidores em várias regiões do Brasil - especialmente em São Paulo, onde episódios recentes resultaram em intoxicações graves e até mortes.
O problema, embora recorrente, tem ganhado novas dimensões. Um estudo da Euromonitor International, encomendado pela Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD), revela que o mercado ilegal de álcool impõe um custo anual de R$ 28 bilhões à saúde pública brasileira. Além dos riscos fatais, a prática compromete a imagem das marcas e causa prejuízos bilionários ao setor.
De acordo com o Núcleo de Pesquisa e Estatística da Fhoresp, 36% do volume de bebidas destiladas comercializadas no Brasil é fruto de adulterações ou falsificações. Essa proporção escancara a dimensão do problema e reforça a urgência de medidas de controle e conscientização.
Entre os principais indícios de falsificação estão lacres rompidos, erros de impressão nos rótulos, ausência de informações obrigatórias — como CNPJ, lote e validade - e alterações perceptíveis na cor, no cheiro ou na consistência da bebida.
Segundo Keyse Ramalho, gerente de desenvolvimento de negócios da Avery Dennison, as embalagens têm papel central na identificação de fraudes. A indústria vem investindo fortemente em rótulos autoadesivos e tecnologias inteligentes, como RFID, QR Code serializado e NFC, que permitem rastrear o produto desde a fábrica até o consumidor final.
Essas soluções agregam funções antiviolação, antifalsificação e de rastreabilidade, tornando mais difícil a substituição do conteúdo e facilitando o reconhecimento de produtos autênticos.
Entre as tecnologias disponíveis estão as etiquetas VOID, que ao serem removidas deixam visível a palavra “VOID”, indicando que o produto foi violado; os lacres de segurança, que se rompem quando retirados; e as etiquetas security label, produzidas com papéis especiais que contêm fibras coloridas e fluorescentes detectáveis apenas sob luz ultravioleta.
As etiquetas inteligentes, com NFC, QR Code ou RFID, ampliam ainda mais a segurança, permitindo que o consumidor consulte instantaneamente informações sobre a origem e autenticidade da bebida.
Verificar a integridade da embalagem, a clareza das informações e a presença de lacres originais é a principal forma de evitar riscos. Produtos de marcas confiáveis costumam apresentar acabamento de qualidade e dados completos sobre procedência e validade.
A orientação é simples: em caso de dúvida, não consuma. A ingestão de bebidas adulteradas pode causar cegueira, falência de órgãos e morte.