A necessidade de participação ativa em associações empresariais e entidades representativas nunca foi tão evidente. Esse é o alerta da consultora regional da Caciopar/Faciap, Iraci Mataczinski, especialista em associativismo que há 25 anos atua no Oeste do Paraná.
Segundo ela, um dos efeitos mais visíveis da pandemia e das transformações digitais foi o enfraquecimento da presença das pessoas em encontros coletivos. “O conforto da inovação aproximou as pessoas das telas, mas também reforçou o isolamento. É diferente assistir a um conteúdo de casa e participar de um café ou de uma reunião presencial. A interação gera resultados que não se conquistam sozinho”, pontua.
Iraci lembra que o ser humano nasceu associativo e que a cooperação faz parte da sobrevivência histórica. Entretanto, no cenário atual, cresce a tendência de deixar que “o outro faça”. “No associativismo, a pergunta mais comum é ‘o que vou ganhar?’. A resposta correta é: o que você vai levar. Sem entrega, não há resultado. É uma via de mão dupla”, destaca.
Ela reforça que o primeiro passo é determinante: “Assim como na atividade física, basta começar. Quem vai por curiosidade dificilmente abandona, porque logo percebe o quanto aprende e ganha em troca”.
Outro desafio apontado pela consultora é o comportamento das gerações mais jovens. Muitos preferem o isolamento, resistem ao contato pessoal e apresentam dificuldades de comunicação. Isso, segundo ela, cria conflitos entre gerações no ambiente empresarial e nas próprias entidades. “É preciso mostrar o quanto o associativismo gera oportunidades de aprendizado, negócios e convivência. Cada conversa, cada reunião, traz ganhos que não se encontram no isolamento”, reforça.
No setor empresarial, o associativismo tem papel direto na competitividade. Iraci cita como exemplo a atuação da Acimacar, que, ao longo dos anos, promove campanhas para estimular o consumo local e ações de fortalecimento da indústria e do comércio. “O associativismo não entrega dinheiro, mas oferece capilaridade. O poder da junção é enorme e, quando compreendido, transforma o resultado das empresas”, explica.
Para ela, pagar mensalidade não significa participação. “A contribuição é voluntária, mas insuficiente se não houver envolvimento real. O empresário precisa entender que a associação é dele, e usufruir coletivamente do que ela oferece”, afirma.
Entre as ferramentas de maior impacto está o Programa Empreender, com os núcleos setoriais que reúnem empresários para discutir problemas, necessidades e oportunidades em conjunto. “Quem participa aparece, tem sua marca reconhecida e se fortalece no mercado. Esse é um ganho que ninguém tira”, salienta Iraci.
No Paraná, existem 199 associações empresariais, reunindo mais de 70 mil empresários, dos quais 22 mil estão na região Oeste. Para a consultora, os números mostram a força e o potencial ainda pouco explorado. “Nós não dominamos o mundo ainda porque não entendemos o poder do associativismo. Ele é forte, e quem participa percebe isso no dia a dia”, conclui.