Meio Ambiente Ciência e tecnologia
UFPR integra consórcio para produzir hidrogênio renovável a partir de esgoto
Projeto paranaense é o único do país a usar biomassa como matéria-prima e prevê até 7 mil toneladas anuais
13/09/2025 08h03
Por: João Livi Fonte: Agência da UFPR
Estrutura do consórcio B2H2 vai transformar biogás de esgoto em hidrogênio renovável no Paraná (Foto: Divulgação)

A Universidade Federal do Paraná (UFPR) integra o consórcio Biogas-to-H2 Paraná (B2H2), um dos cinco projetos escolhidos pelo Ministério de Minas e Energia para receber recursos internacionais do Fundo de Investimento Climático – Descarbonização da Indústria (CIF-ID). A iniciativa vai transformar biogás gerado em estações de tratamento de esgoto em hidrogênio renovável, de baixa emissão de carbono, consolidando Curitiba e região como polo estratégico da economia verde.

O processo utiliza reforma catalítica para converter o biogás em gás de síntese, do qual o hidrogênio é separado, purificado e destinado a aplicações estratégicas. Um dos principais usos será a produção de peróxido de hidrogênio, atualmente dependente de fontes fósseis.

Na UFPR, já existe projeto piloto que converte resíduos do restaurante universitário em biogás, posteriormente transformado em hidrogênio. A ação, em parceria com a Copel, Gas Futuro, Apreno e Senai-PE, deve ser inaugurada até o fim do ano e servirá como base para ampliar a tecnologia em escala industrial.

Produção e expansão

O consórcio estima inicialmente 100 toneladas de hidrogênio por ano. Mas a parceria com a Sanepar, que administra 232 estações de tratamento de esgoto no Paraná, abre espaço para atingir até 7 mil toneladas anuais. Esse volume coloca o estado em posição de destaque no cenário nacional da transição energética.

O B2H2 é liderado pela Copel Geração e Transmissão e conta ainda com Sanepar, Compagas, Peróxidos do Brasil, Gas Futuro, Unioeste, CIBiogás, Fundação Parque Tecnológico Itaipu-Brasil, Instituto Senai de Inovação em Eletroquímica e o Napi Hidrogênio.

A chamada pública recebeu 70 inscrições de todo o Brasil. O projeto paranaense foi o único a propor o uso de biomassa como matéria-prima, destacando-se pela inovação e viabilidade técnica. O país, que ficou em primeiro lugar entre 26 nações concorrentes, poderá acessar até US$ 250 milhões (R$ 1,4 bilhão) do fundo internacional para acelerar sua indústria de hidrogênio até 2035.

Marco legal e futuro

Segundo especialistas, a combinação entre legislação nacional e estadual de incentivo ao hidrogênio renovável e o avanço de pesquisas da UFPR e de seus parceiros reforça o potencial do Paraná como referência no setor.