O Chile desponta como o país mais aberto da América Latina para o comércio eletrônico internacional. De acordo com o Guia de Expansão Global para Mercados de Alto Crescimento, divulgado pela fintech de pagamentos Nuvei, 23% das vendas on-line do país em 2024 vieram de compras transfronteiriças - índice superior ao de qualquer outra nação da região.
Com 33 acordos de livre comércio, tarifas de importação baixas e renda per capita acima da de países como Brasil, México e Argentina, o Chile oferece terreno fértil para empresas que buscam expandir operações globais.
A pesquisa mostra que o e-commerce chileno se apoia em um ambiente estável e escalável, com barreiras de entrada reduzidas e consumidores já acostumados a comprar de fornecedores internacionais. Em 2024, um quarto do comércio eletrônico no país foi cross-border, e a expectativa é que esse índice chegue a 28% até 2027.
O país conta ainda com um dos maiores níveis de bancarização da América Latina (97%) e alta penetração da internet, que saltou de 32% em 2020 para 58% no ano passado. O setor deve crescer em média 10% ao ano até 2027, quando o volume movimentado deve atingir US$ 45,7 bilhões.
O estudo da Nuvei destaca que a infraestrutura digital chilena rivaliza com a de centros econômicos avançados como Hong Kong e Emirados Árabes. O uso generalizado de cartões, a inclusão financeira elevada e o suporte a transações internacionais deram ao país um dos ecossistemas de pagamento mais maduros da região.
Em 2024, os cartões de crédito responderam por 58% dos gastos no comércio eletrônico chileno, com previsão de avançar a 60% até 2027. Esse domínio se deve à confiança do consumidor e à facilidade nos processos de pagamento.
Outro atrativo para empresas estrangeiras é o ambiente regulatório menos burocrático. O Chile não exige a criação de uma entidade local para operações internacionais e mantém procedimentos alfandegários simplificados. Entre as exigências em vigor estão a Lei de Comércio Eletrônico de 2022, que obriga transparência em preços, prazos e estoques, e a Lei de Proteção de Dados Pessoais, em processo de atualização para se alinhar ao padrão europeu de privacidade.
No ranking do Banco Mundial sobre facilidade de fazer negócios, o país ocupa a 59ª posição - à frente de México (60º), Colômbia (67º) e muito distante do Brasil (124º).
O varejo on-line é o carro-chefe do setor, representando 69% das transações digitais. Roupas lideram a lista de compras, com 52% dos consumidores adquirindo peças pela internet. Em seguida vêm alimentos (26%), tecnologia (25%) e beleza (24%).
Além disso, verticais como transporte e delivery devem crescer 21% ao ano até 2027, enquanto o setor de turismo on-line deve atingir US$ 6,3 bilhões, com expansão média de 9% ao ano.
Os chilenos já demonstram comportamento digital avançado, exigindo rapidez e fluidez nas transações. A expectativa é que o comércio via celular ultrapasse 60% do total até 2027, impulsionando recursos como carteiras digitais, pagamentos tokenizados e programas de fidelidade integrados.
Segundo o estudo, essa maturidade coloca o Chile em posição privilegiada para se tornar a principal base de expansão na América Latina. “Com alto uso de cartões, crescente adoção de carteiras digitais e ambiente favorável ao comércio cross-border, o Chile é uma base ideal para expansão regional - sem a complexidade operacional comum em outros mercados”, destaca o relatório da Nuvei.