O Paraná entrou para a história ao sediar a primeira telecirurgia robótica do Brasil e da América Latina. O procedimento experimental, realizado em 13 de agosto no Centro de Oncologia de Cascavel (Ceonc), conectou médicos localizados a mais de 470 quilômetros, em Campo Largo, por meio de tecnologia de ponta.
No comando da cirurgia, o médico Paolo Salvalaggio, de São Paulo, operou o robô cirúrgico MP1000, da Edge Medical, equipamento importado da China. A ação foi supervisionada pelo especialista em cirurgia robótica Leandro Totti. Enquanto isso, a equipe de Campo Largo acompanhava e dava suporte em tempo real aos comandos.
O paciente experimental foi um porco, submetido a uma cirurgia de remoção de vesícula biliar, dentro de protocolos internacionais de segurança. A iniciativa foi acompanhada por profissionais da saúde, professores de medicina, empresários e representantes do ecossistema de inovação.
O projeto-piloto é resultado de uma parceria entre o Centro de Treinamento Cirúrgico Scolla, a Ortoteck (importadora brasileira da Edge Medical), o Governo do Paraná, a Unioeste e o movimento Iguassu Valley. Segundo os organizadores, o objetivo é democratizar o acesso à cirurgia robótica e transformar a forma como médicos e estudantes terão contato com procedimentos complexos.
A conquista só foi possível após anos de desenvolvimento e ao menos cinco viagens à China em busca da tecnologia adequada. “A telecirurgia permite que especialistas, mesmo a centenas de quilômetros, possam assistir, auxiliar ou realizar operações. É uma verdadeira revolução”, destacou Jadson Siqueira, do Iguassu Valley.
O projeto promete impactar a formação de novos médicos e aprimorar procedimentos minimamente invasivos. A expectativa é de que, após aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a prática seja aplicada em humanos.
Segundo o fundador do Ceonc, Reno Paulo Kunz, a iniciativa mostra como a união de profissionais, instituições e empresas pode transformar a saúde. Já o Sebrae/PR, parceiro do Iguassu Valley, reforça que o avanço é exemplo de como inovação e empreendedorismo podem gerar desenvolvimento social e econômico para a região.
O modelo testado será agora avaliado por um comitê de ética da Anvisa, etapa necessária antes da liberação para cirurgias em humanos. Até lá, segue como projeto-piloto, mas com potencial de posicionar o Oeste do Paraná como referência mundial em telecirurgia.