A reunião realizada em Anchorage, no Alasca, nesta sexta-feira (15), entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, abriu uma nova página nas relações internacionais. O encontro, anunciado como tentativa de encaminhar um acordo para a guerra na Ucrânia, extrapola o campo militar e tem potencial para remodelar alianças, redesenhar fronteiras e mexer com fluxos de comércio e investimentos no mundo.
Especialistas avaliam que a cúpula envolve três riscos principais. O primeiro é a possibilidade de a Ucrânia ser pressionada a reconhecer a perda de territórios ocupados, legitimando o avanço militar russo e criando precedente para futuras anexações. O segundo, a erosão da unidade ocidental: ao atrelar apoio militar a concessões territoriais, Washington pode gerar fissuras na relação transatlântica e fragilizar a segurança europeia. O terceiro é o risco de encorajamento a outras potências revisionistas, que poderiam adotar estratégias de expansão territorial pela força.
Outro ponto abordado em Anchorage foi a negociação de um novo tratado de armas nucleares. Um pacto desse tipo serviria como gesto de distensão, mas também como instrumento de interesse político. Para Putin, reforçaria a imagem de negociador e ajudaria a reduzir a pressão por novas sanções. Para Trump, poderia projetar protagonismo diplomático, tanto no cenário doméstico quanto internacional.
O setor energético aparece como um dos mais sensíveis. A hipótese de flexibilização das sanções contra petróleo e gás russos poderia reordenar preços e rotas de fornecimento no curto prazo. No comércio internacional, uma eventual reaproximação entre EUA e Rússia poderia reabrir canais de cooperação tecnológica, mas também geraria maior instabilidade nos países do Leste Europeu. Já as cadeias globais de produção podem ser afetadas pela elevação dos custos de seguros e transporte em áreas de risco, reduzindo a previsibilidade de operações.
A ausência do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky foi alvo de críticas de governos europeus e motivou protestos em Anchorage, com manifestações em apoio à Ucrânia. Até o momento, não há sinalização de acordo final, mas analistas apontam que as decisões tomadas — ou mesmo a falta delas - terão efeitos prolongados sobre a segurança global e o ambiente de negócios.
Independentemente do resultado prático, a cúpula no Alasca mostrou que tanto Washington quanto Moscou buscam reposicionar suas agendas estratégicas, abrindo espaço para negociações que podem redefinir o equilíbrio de poder e influenciar diretamente a economia mundial.