O mercado brasileiro de cessão de carteiras inadimplentes (NPL – Non-Performing Loan) encerrou o primeiro semestre de 2025 com movimentação de R$ 12 bilhões, segundo dados da Recovery, principal empresa de recuperação de crédito do país e integrante do Grupo Itaú. A companhia registrou mais de 4,3 milhões de dívidas renegociadas, beneficiando cerca de 2,3 milhões de pessoas e totalizando R$ 2,3 bilhões em valores regularizados.
O mecanismo de cessão de NPL consiste na venda de dívidas em atraso por bancos, varejistas, cooperativas e outras empresas a instituições especializadas na recuperação de crédito. Para os cedentes, a operação proporciona liquidez imediata e antecipa recursos que poderiam levar anos para retornar ao caixa. O processo é regulamentado pelo Banco Central e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Segundo o CEO da Recovery, Bruno Russo, o volume de carteiras cedidas por grandes bancos cresceu 6% na comparação com o primeiro semestre de 2024. Já no caso de bancos digitais, cooperativas e outras instituições financeiras, o avanço foi de 31%, revelando uma ampliação do interesse no modelo de negociação.
De 2019 para cá, o número de empresas cedentes saltou de 15 para 46 por ano, abrangendo organizações de diferentes portes e setores. “Embora o mercado brasileiro de NPL ainda seja pequeno em comparação com regiões como a Europa, o crescimento constante demonstra que cada vez mais empresas enxergam a venda desses créditos como alternativa para enfrentar a inadimplência”, destacou Russo.
A venda de carteiras inadimplentes não beneficia apenas os credores. Para os consumidores, ela representa uma oportunidade de renegociar dívidas em condições mais flexíveis e reorganizar a vida financeira. “É uma nova chance para recomeçar”, reforça o executivo.
Com um cenário de inadimplência persistente no país, o avanço desse segmento tende a ganhar relevância, ao oferecer soluções tanto para empresas que precisam de capital imediato quanto para clientes que buscam retomar o equilíbrio de suas finanças.