A ordem executiva assinada pelo governo dos Estados Unidos em 30 de julho, que elevou para 50% a tarifa sobre a maioria dos produtos brasileiros exportados ao mercado norte-americano, já começa a preocupar a indústria processadora de aço no Brasil. Embora os produtos de aço tenham sido formalmente excluídos da nova alíquota, a maioria deles já era tributada em 50% desde 4 de junho, por se enquadrar na categoria de produtos siderúrgicos.
De acordo com a Abimetal-Sicetel (Associação Brasileira da Indústria Processadora de Aço e Sindicato Nacional da Indústria Processadora de Aço), as tarifas não são cumulativas, mas todos os produtos das empresas representadas passam a ser tributados pelo mesmo percentual.
O maior temor é o efeito indireto sobre a demanda. Muitas empresas da cadeia de transformação e beneficiamento de aço atendem clientes que exportam bens acabados ou componentes com alto teor desse material para os EUA. A retração das compras no mercado norte-americano já começa a afetar o ritmo de produção no Brasil, com queda nos volumes e nas receitas.
Desde abril, quando foi anunciada a possibilidade de uma tarifa inicial de 10% para produtos em geral, já se observava redução nos pedidos vindos dos Estados Unidos. Com a nova taxa de 50%, a expectativa é de desaceleração mais intensa nos próximos meses, especialmente entre fornecedores de insumos para fabricantes de bens de capital e outros segmentos relevantes no comércio bilateral.
Até o momento, não houve registro de cancelamento de contratos, mas a perspectiva de retração leva o setor a reforçar a necessidade de diversificação de mercados e adoção de estratégias para mitigar os efeitos dessa barreira comercial.
A Abimetal-Sicetel defende o fortalecimento da diplomacia comercial e o uso de instâncias multilaterais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), para assegurar condições mais equilibradas de concorrência internacional.
A entidade também cobra medidas internas de apoio às empresas exportadoras, de forma a preservar a competitividade e a relevância econômica do setor. “O compromisso é seguir mobilizada para defender os interesses das empresas processadoras de aço e contribuir com soluções que permitam ao setor manter seu papel estratégico no desenvolvimento do país”, reforça a Abimetal-Sicetel.