Saúde Transplante de órgão
Faustão faz 4º transplante em menos de 1 ano e reacende debate: afinal, como funciona a fila de órgãos no Brasil?
Enquanto mais de 46 mil pessoas aguardam por um transplante no país, o apresentador recebe dois órgãos de um mesmo doador em tempo recorde. Entenda por quê.
08/08/2025 15h27 Atualizada há 7 horas
Por: João Livi
Faustão recebe dois órgãos de um mesmo doador e reacende debate sobre acesso à fila de transplantes no Brasil.

O Brasil parou novamente nesta quarta-feira (7) com a notícia de que o apresentador Fausto Silva, 75 anos, passou por dois novos transplantes de órgãos de uma só vez: fígado e rim. O procedimento foi realizado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e soma-se a outros dois transplantes anteriores feitos por Faustão desde 2023, totalizando quatro cirurgias de alta complexidade em menos de um ano.

A rapidez com que o apresentador tem conseguido acesso a novos órgãos causou repercussão nacional e levantou uma questão que paira sobre a cabeça de milhares de brasileiros: como funciona a fila de transplantes e por que alguns pacientes, como Faustão, conseguem ser atendidos com tanta agilidade?

Quarta cirurgia em tempo recorde

Desde agosto de 2023, Faustão foi submetido a:

Segundo boletim médico, os dois órgãos mais recentes vieram de um único doador, com compatibilidade aprovada pela Central de Transplantes do Estado de São Paulo. O apresentador está internado desde maio, por conta de uma infecção com sepse, o que agravou seu estado e colocou-o em situação de prioridade.

Brasil tem 46 mil pessoas à espera

Apesar dos avanços, o país enfrenta uma fila de espera brutal. De acordo com o Ministério da Saúde, 46,7 mil brasileiros aguardam na fila por um transplante atualmente, sendo:

O estado de São Paulo, onde Faustão reside, concentra 22,4 mil desses pacientes. E embora o Sistema Nacional de Transplantes do SUS seja o segundo maior do mundo, ainda enfrenta desigualdades no acesso.

Afinal, como funciona a fila?

A lista de espera para transplantes no Brasil é única, válida tanto para pacientes do SUS quanto da rede privada. Mas ela não é exclusivamente cronológica. A posição na fila depende de uma série de critérios técnicos, como:

Ou seja, mesmo que uma pessoa esteja há mais tempo na fila, ela pode ser ultrapassada por outro paciente em situação mais grave ou com melhor compatibilidade.

No caso de Faustão, a combinação entre quadro clínico gravíssimo, compatibilidade perfeita e localização em São Paulo, onde há alta taxa de doações e logística eficiente, acelerou sua entrada na prioridade da fila.

Por que ele recebe tão rápido?

Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), pacientes com falência aguda de órgãos, infecções severas ou rejeição de transplantes anteriores têm prioridade absoluta. E esse foi o caso de Faustão.

Além disso, São Paulo lidera o número de transplantes no país, com 9.537 realizados apenas em 2024. A estrutura hospitalar de ponta, acesso rápido a exames e presença em um grande centro urbano também colaboram para o desfecho veloz no caso do apresentador.

O que pode ser feito?

Especialistas apontam que, para melhorar o acesso à doação de órgãos, o Brasil precisa:

O próprio Ministério da Saúde destinou R$ 1,47 bilhão à área de transplantes em 2024 - um aumento de 28% em relação ao ano anterior.