A possível doação de uma área pública pelo município de Marechal Cândido Rondon para a construção de uma nova cadeia pública ou presídio estadual está gerando forte repercussão e polarização na comunidade. Embora o projeto ainda não tenha sido oficialmente encaminhado pelo Executivo à Câmara Municipal, a discussão já ganhou força após a apresentação de requerimentos por parte de vereadores solicitando estudos sobre uma solução para o sistema prisional local.
Nas redes sociais, o debate ganhou corpo. Crescem as manifestações contrárias à instalação de um presídio estadual em território municipal, especialmente pelo fato de que a área cogitada (segundo informações extraoficiais) estaria localizada próxima ao perímetro urbano, às margens do contorno oeste. A possível escolha do terreno teria partido de representantes da Polícia Militar e da Secretaria de Estado da Segurança Pública.
A atual cadeia pública de Marechal Rondon, construída na década de 1960, opera em condições precárias e encontra-se superlotada. Com quase uma centena de detentos, muitos já sentenciados e que poderiam estar em unidades do Estado, o espaço enfrenta um colapso estrutural. Salas antes utilizadas para atividades administrativas da polícia foram transformadas em celas improvisadas, sem atender minimamente às exigências de segurança e dignidade.
Apesar do reconhecimento da necessidade de uma nova estrutura, o temor de que a solução envolva a instalação de um presídio estadual tem gerado resistência entre moradores e entidades. Argumenta-se que a presença de uma penitenciária poderia afetar negativamente a imagem da cidade e comprometer seu desenvolvimento urbano e econômico.
Por outro lado, representantes do setor industrial veem benefícios na instalação da unidade, considerando a possibilidade de uso da mão de obra prisional em oficinas vinculadas a empresas locais, o que contribuiria tanto para a ressocialização quanto para a produtividade. Também se fala em potencial movimento econômico com a presença de profissionais da segurança pública residindo na cidade.
Entre os defensores da proposta está o vereador Welyngton Alves da Rosa, que tem trajetória ligada à Polícia Militar. Para ele, uma nova unidade prisional representaria melhores condições para os detentos e mais segurança para a população. Em contraponto, a vereadora Tânia Maion, com experiência no Judiciário, foi a primeira a se manifestar publicamente contra a vinda de um presídio estadual, embora reconheça a urgência de uma nova cadeia pública.
Alguns parlamentares já declararam, pelas redes sociais, posição contrária à ideia da doação de área para o presídio, como os vereadores Rafael Heinrich, Iloir de Lima (Padeiro), Gordinho do Suco, Rodrigo Pulga (Verde), Cristiano Metzner (Suko) e Juliano de Oliveira, sintonizados com a rejeição popular visível nas plataformas digitais. Os demais ainda não tornaram pública sua posição.
Caso o projeto venha a ser oficialmente enviado à Câmara, sua aprovação dependerá de ao menos sete votos favoráveis. Diante da atual composição, com sete vereadores já manifestamente contrários, a tendência é de rejeição da proposta caso a votação ocorra nos moldes atuais.
Uma audiência pública foi convocada para o dia 14 de agosto pela Câmara Municipal. Caso o encontro seja mantido no auditório da Casa, o espaço deverá ser insuficiente para o volume de participantes esperados. O risco de aglomeração na parte externa é alto, o que pode resultar em discussões acaloradas e possíveis conflitos entre os grupos contrários e favoráveis à proposta.
A discussão sobre a construção de uma nova unidade prisional em Marechal Cândido Rondon não é recente. O assunto já havia sido debatido em administrações anteriores, inclusive por meio de requerimentos assinados por 4 vereadores, entre eles, os atuais prefeito e vice-prefeito, solicitando estudos para a viabilidade do projeto.
Agora, o tema volta à tona com força e mobiliza a opinião pública como poucas vezes se viu nos últimos anos, comparável à polêmica sobre a cobrança da taxa de iluminação pública, que gerou ampla rejeição da população no passado. O desfecho desta nova controvérsia promete ser um dos momentos mais delicados da atual legislatura, com a comunidade atenta e ativa no debate.