A solicitação encaminhada pela advogada e conselheira Neusa Kikue Numa Kussaba à direção da Revista Especiais reacende o debate sobre a representatividade e a simbologia de ter uma mulher à frente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher Rondonense (COMMUR). Em carta protocolada em 30 de junho de 2025, Neusa argumenta que a presidência do órgão não deve apenas obedecer à letra fria da legislação, que permite ocupação por qualquer gênero, mas também sustentar o princípio ético de que quem vivencia as desigualdades de gênero esteja no comando das estratégias de superação delas.
Princípios de equidade e legitimidade
Para Neusa, a escolha de uma mulher para presidir o COMMUR vai além de convenção: trata-se de garantir que as decisões do conselho sejam embasadas em experiência real e sensibilidade às demandas femininas. “A presidência desse Conselho deve refletir os princípios da equidade, da escuta sensível e da representatividade legítima”, afirma em sua carta. Ao ocupar o cargo, a mulher simboliza o protagonismo histórico e contemporâneo das mulheres nas lutas que deram origem às políticas de proteção e promoção de seus direitos.
O peso simbólico da liderança
Embora a legislação municipal não restrinja a presidência do COMMUR a mulheres, Neusa sustenta que permitir a liderança masculina fragiliza o caráter simbólico do conselho. “A ocupação masculina deste espaço compromete não apenas a legitimidade da representação, mas também o protagonismo feminino na definição de pautas, realidades e estratégias de enfrentamento às desigualdades de gênero”, escreve. A conselheira lembra que a presença de uma mulher no comando reforça a confiança de que as políticas serão formuladas a partir de vivências compartilhadas, e não de interpolações externas.
Desafios na formulação de políticas públicas
O COMMUR tem papel central na articulação e monitoramento de ações voltadas à saúde, à educação e à proteção das mulheres rondonenses. Sob uma presidência feminina, ganha força a perspectiva de gênero em programas de prevenção à violência doméstica, em campanhas de conscientização e em projetos de capacitação profissional. Sem essa vivência direta, críticos apontam que a abordagem pode se tornar teórica e distante das necessidades mais prementes.
Caminhos para o fortalecimento do COMMUR
A mobilização em torno da presidência feminina do COMMUR não é apenas uma disputa de cadeiras: é uma afirmação de que as mulheres têm lugar de fala e decisão nos espaços onde suas vidas são objeto de políticas públicas. A adesão de instituições reforça a visibilidade do tema e convida a sociedade rondonense a se engajar em um debate fundamental para a construção de uma comunidade mais justa e igualitária.