A excelência dos queijos artesanais do Paraná foi celebrada na segunda edição do Prêmio Queijos do Paraná, realizada no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. Entre os grandes destaques da premiação está o queijo coalho artesanal produzido em Marechal Cândido Rondon, que conquistou a medalha super ouro, a maior honraria do evento.
O produto premiado é da Queijaria Meu Propósito, comandada por Rosane Boroski. A trajetória dela é marcada pela superação: após perder grande parte do rebanho leiteiro, viu sua produção despencar de mil litros diários para apenas 150. Diante das dificuldades, encontrou no queijo artesanal uma nova possibilidade de recomeço.
“Foi uma emoção enorme estar entre os dez melhores queijos do Paraná e ver o resultado de tanto esforço se transformar em reconhecimento”, afirma Rosane. Ela destaca que o curso do programa Queijos Nobres Paraná, oferecido gratuitamente pelo governo estadual, foi decisivo para alcançar esse patamar de excelência. As capacitações permitiram aprimorar desde a qualidade do leite até detalhes técnicos, como temperatura de cozimento e controle do sal.
Atualmente, a queijaria tem capacidade para produzir até 1.200 quilos por mês, oferecendo ao mercado 10 variedades de queijos, consolidando-se como referência em inovação no setor de laticínios artesanais da região Oeste.
O programa Queijos Nobres Paraná é fruto de uma parceria entre a Secretaria da Indústria, Comércio e Serviços, o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), o Sebrae/PR, a Invest Paraná, o Biopark e o Biopark Educação. O projeto oferece capacitações gratuitas a pequenos produtores, impulsionando o desenvolvimento de agroindústrias locais e estimulando a inovação na produção artesanal.
Segundo Kennedy Bortoli, pesquisador do Biopark, o curso vai além do ensino convencional. “Os participantes entendem como a tecnologia pode transformar seus produtos, criando queijos diferenciados, de alta qualidade e com melhor aceitação no mercado”, explica.
O projeto prevê 20 cursos ao longo de dois anos, realizados no Biopark, em Toledo, e já formou seis turmas desde setembro de 2023. A expectativa é que cerca de 300 produtores e técnicos sejam capacitados até o fim do ciclo.
Além de Marechal Cândido Rondon, outros produtores paranaenses também se destacaram no prêmio, levando para casa medalhas que simbolizam não apenas qualidade, mas também resiliência.
Em Rio Branco do Ivaí, no Norte do Estado, a produtora Lilian Clara de Souza transformou uma receita familiar em um queijo premiado. Incorporando folhas de figueira ao processo, seu queijo Morro da Pedra foi reconhecido com medalha de ouro tanto no Paraná quanto em competições nacionais.
Outro exemplo vem de Ibaiti, onde Silmara e Valdinei Pinto recomeçaram do zero após dificuldades financeiras. Abandonaram a produção leiteira, investiram em silagem e, anos depois, voltaram ao mercado com queijos artesanais, impulsionados pelos conhecimentos adquiridos no programa estadual.
Em Tomazina, Paulo Henrique e Camila de Fátima também colheram frutos da capacitação. Seu queijo mussarela trançado Vovó Zaine conquistou a medalha de bronze, reforçando a importância do conhecimento técnico no aprimoramento dos produtos.
A edição 2024 do Prêmio Queijos do Paraná reuniu 477 queijos de 76 municípios. Foram distribuídas 65 medalhas, sendo 10 de super ouro, 15 de ouro, 20 de prata e 30 de bronze. O evento é uma realização conjunta do Sistema FAEP, IDR-Paraná, Sebrae-PR, Sistema Fecomércio-PR e Sindileite-PR.
O reconhecimento serve de estímulo para que o Paraná continue se consolidando como referência nacional na produção de queijos artesanais, com qualidade, inovação e valorização da agricultura familiar.
Produtores interessados em se qualificar podem buscar informações nos canais oficiais:
As aulas são gratuitas, acontecem de março a novembro no Biopark, e cada turma tem até 15 participantes.