A Diocese de Toledo reuniu profissionais da comunicação de toda a região no sábado, 24 de maio, para celebrar antecipadamente o 59º Dia Mundial das Comunicações Sociais, cuja data oficial será no próximo 1º de junho. O encontro ocorreu na paróquia Sagrada Família, em Toledo (PR), e contou com a participação de comunicadores dos decanatos de Toledo, Marechal Cândido Rondon, Assis Chateaubriand e Palotina.
A celebração teve início com uma missa presidida por dom João Carlos Seneme, bispo diocesano, dedicada aos profissionais da imprensa. Também participaram da cerimônia o padre André Boffo Mendes, coordenador diocesano da ação evangelizadora e assessor da Pastoral da Comunicação (PASCOM), e o padre Sebastião "Lucas" Schwarz.
Um dos pontos altos do evento foi a entrega da tradicional mensagem do Papa Francisco aos profissionais da comunicação. A carta papal, publicada anualmente por ocasião do Dia Mundial das Comunicações, propõe uma reflexão profunda sobre os rumos da comunicação no mundo contemporâneo. Em 2025, o texto tem como tema o versículo da Primeira Carta de Pedro: “Estai sempre prontos a responder a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós”. Segundo o padre André, a carta não deve ser lida apenas com os olhos, mas também “guardada no coração”.
Durante sua fala, padre André destacou o papel histórico da Igreja na valorização da comunicação, especialmente após o Concílio Vaticano II, quando foi instituído oficialmente o Dia Mundial das Comunicações. Ele também ressaltou que a comunicação é uma vocação, e não apenas um ofício, sendo responsável por formar consciências, unir comunidades e manter viva a esperança cristã.
“A esperança não é uma palavra vazia, mas uma virtude teologal que aponta para Deus”, afirmou o sacerdote, lembrando que, em tempos de polarização e manipulação de informações, comunicar com responsabilidade, mansidão e ternura é um dever ético e espiritual.
O padre alertou para o risco da “dispersão programada da atenção”, promovida por grandes conglomerados midiáticos que moldam narrativas de forma seletiva. Nesse contexto, o papel dos comunicadores locais ganha relevância: “É preciso comunicar também as boas notícias, mostrar o bem que existe em nossas comunidades”, disse.
Outro ponto abordado foi o avanço tecnológico na comunicação, especialmente com a chegada da inteligência artificial. Para a Igreja, esses recursos devem ser instrumentos a serviço do bem comum, sem jamais substituir o encontro humano ou comprometer a integridade da verdade.
Dom João, em entrevista coletiva, ressaltou que, para além da técnica, a comunicação deve ser feita com o coração. Inspirado na mensagem do Papa Francisco, ele lembrou que o comunicador é também um ser humano, com sentimentos e responsabilidades éticas.
“Cada jornalista, cada comunicador coloca o que carrega dentro de si em suas notícias. É importante que eles estejam fortalecidos na esperança e na verdade, pois muitos enfrentam dificuldades justamente por escolherem comunicar com integridade".
Questionado sobre os desafios da tecnologia e da inteligência artificial, o bispo foi enfático ao dizer que nada pode substituir o encontro humano.
“A comunicação é para unir, não para isolar. Vivemos em um mundo mais individualista, onde cada um está diante de uma tela, e isso dificulta o diálogo familiar e comunitário. A IA ainda é um mistério para nós, mas deve ser usada com discernimento, sempre para o bem".
Ele lembrou que a Igreja observa com atenção o uso da tecnologia e incentiva que as ferramentas digitais sirvam à fraternidade e à evangelização, sem nunca substituírem a relação pessoal.
Sobre o combate à desinformação, Dom João explicou que a Diocese de Toledo tem investido na formação dos agentes da Pascom, promovendo escolas de comunicação que instruem os leigos sobre a importância de buscar fontes confiáveis e compartilhar conteúdos verdadeiros.
“Queremos que nossos agentes saibam usar a informação para o bem. A verdade precisa ser construída com responsabilidade. Por isso formamos comunicadores para que sejam pontes, não barreiras".
Ao final da entrevista, o bispo fez um agradecimento especial aos meios de comunicação presentes na diocese – TV, rádio, internet e imprensa escrita – e reiterou o compromisso da Igreja com uma comunicação ética, humana e evangelizadora.
“Somos muito gratos por essa parceria. Que todos os comunicadores continuem sendo instrumentos de esperança, verdade e evangelização. A comunicação é para nós o rosto de Jesus Cristo: próxima, compassiva e verdadeira".
Confraternização
Após a entrega simbólica da carta do Papa a cada comunicador presente, os participantes foram convidados a um momento de confraternização com almoço no pavilhão da comunidade. O encontro ainda proporcionou espaço para fotos por regiões e uma bênção especial a todos os profissionais da imprensa.