Paraná avança em mais uma política pública de impacto social ao lançar um programa voltado exclusivamente para a população idosa que sonha com a casa própria. A iniciativa, inédita no Brasil, destina subsídios de até R$ 80 mil para pessoas com mais de 60 anos utilizarem como entrada no financiamento de imóveis.
O anúncio foi feito nesta terça-feira (13), no Palácio Iguaçu, pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior. Batizada de Casa Fácil Paraná Terceira Idade, a ação tem como objetivo enfrentar uma das maiores dificuldades do público sênior no acesso à moradia: o curto prazo permitido para financiamento e os altos valores de entrada.
“Essa é uma política social estruturante e justa. Estamos olhando com atenção para uma parcela da população que, muitas vezes, tem dificuldade de conquistar autonomia e segurança no acesso à moradia”, afirmou Ratinho Junior. “Com esse incentivo, muitos idosos poderão realizar o sonho da casa própria, com dignidade e qualidade de vida”.
A nova modalidade é direcionada a pessoas com mais de 60 anos, com renda de até quatro salários mínimos, sem imóvel próprio, que ainda não tenham sido beneficiadas por outros programas habitacionais e que estejam aptas ao financiamento pela Caixa Econômica Federal, dentro das regras do programa Minha Casa Minha Vida.
O aporte inicial será de R$ 80 milhões, valor suficiente para beneficiar mil pessoas idosas na primeira etapa. Assim como ocorre na versão tradicional do Casa Fácil, o recurso será repassado diretamente à Caixa, abatendo o valor da entrada e reduzindo o valor das parcelas mensais, dentro de prazos mais curtos de pagamento.
De acordo com as regras da Caixa, a soma da idade do proponente com o prazo de financiamento não pode ultrapassar 80 anos e 6 meses. Isso significa que quanto mais avançada a idade, menor o número de parcelas permitidas — e, portanto, maior o valor mensal exigido.
“Normalmente, os idosos têm muita dificuldade porque o prazo de financiamento é exíguo para eles. Os valores de entrada acabam ficando muito altos e eles não conseguem comprar os imóveis”, explicou Kerwin Kuhlemann, superintendente de programas da Cohapar.
Para o casal Idalino dos Santos, de 62 anos, e Paulina Muller, de 68, moradores de Assis Chateaubriand, a iniciativa significa uma mudança de vida. Com o subsídio, o valor de entrada em sua futura casa caiu de R$ 88 mil para apenas R$ 8 mil. O financiamento restante será pago em parcelas de R$ 699 ao longo de 180 meses.
“Não teria como comprar uma casa sem isso. Vivemos com a sogra, somos trabalhadores e não conseguimos juntar esse valor. Agora vamos conseguir ter tranquilidade para os próximos anos”, contou Paulina.
Além dos subsídios financeiros, o Paraná também investe na construção de condomínios voltados exclusivamente para idosos, que oferecem aluguel social, espaços de convivência, atividades físicas e atendimento de saúde. Já são quatro condomínios entregues e outros 31 em fase de obra, licitação ou projeto, totalizando 1.400 unidades habitacionais e R$ 244 milhões em investimentos.
Essas iniciativas renderam ao estado o Selo de Mérito da Associação Brasileira de Cohabs e Agentes Públicos de Habitação (ABC), além de tornarem o modelo paranaense referência junto à Caixa Econômica Federal.
Durante o evento, também foram anunciadas outras modalidades habitacionais, como a regularização de até 50 mil imóveis e a construção de moradias em municípios com até 25 mil habitantes. Convênios para casas rurais em parceria com o governo federal e a instalação de módulos sanitários em residências sem banheiro também integram a nova fase do Casa Fácil.
Além disso, foi firmada a liberação de R$ 443 milhões do programa Vida Nova, destinado a 2.452 famílias que vivem em áreas de risco ou proteção ambiental em 65 municípios.
A expansão do Casa Fácil leva em conta dados do último Censo, que apontam que, até 2030, o Paraná terá mais pessoas idosas do que crianças. Essa mudança de perfil populacional exige políticas específicas e preventivas. “A população está envelhecendo e temos que olhar com carinho para os mais idosos”, ressaltou o secretário das Cidades, Guto Silva.
Desde 2019, as políticas habitacionais do estado já beneficiaram mais de 110 mil famílias, com investimentos de R$ 1,2 bilhão por parte do tesouro estadual, além de alavancarem R$ 18 bilhões da iniciativa privada no setor da construção civil.