Saúde Doação de órgãos
Heroísmo em farda: policial militar doa órgãos e salva vida
Tudo começou quando a policial participou de uma campanha de doação de sangue do Hemepar em 2018 e concordou em fornecer suas informações ao Redome, o Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea
13/08/2024 14h16 Atualizada há 1 mês
Por: João Livi Fonte: Agência Estadual de Notícias
Josiele Veríssimo. Foto: Josiele Veríssimo/Arquivo Pessoal

 

 

Salvar vidas faz parte do dia a dia da soldado Josiele Veríssimo, do 8º Batalhão da Polícia Militar do Paraná, em Paranavaí. No entanto, em julho deste ano, ela assumiu um novo papel heroico, ao doar medula óssea para um desconhecido, enfrentando desafios pessoais ao longo do caminho.

A jornada de Josiele para se tornar uma doadora de medula óssea começou em 2018, quando ela participou de uma campanha de doação de sangue promovida pelo Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (Hemepar). Durante a campanha, Josiele decidiu se inscrever no Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), sem imaginar que, anos depois, essa decisão salvaria uma vida. “Nem sabia direito o que era, mas decidi me cadastrar”, lembra ela.

 

5 anos depois

Cinco anos se passaram, até que, em novembro de 2023, Josiele recebeu uma ligação inesperada do Redome, informando que havia uma compatibilidade potencial entre ela e um paciente que precisava de um transplante de medula. “Me perguntaram se eu teria disponibilidade, eu disse que sim”, relata a policial, que imediatamente se dispôs a ajudar.

O caminho até a doação, contudo, não foi simples. O procedimento, inicialmente agendado para fevereiro de 2024 no Rio Grande do Sul, foi adiado diversas vezes devido às fortes chuvas no estado. Além disso, Josiele enfrentou a perda de seu pai, uma tragédia pessoal que abalou profundamente a soldado. Apesar dessas dificuldades, ela manteve firme sua determinação em ajudar o próximo. “Apesar de ser um momento difícil, parece que tudo se encaixou para dar certo”, disse, referindo-se à nova data agendada para a doação, em Minas Gerais.

 

O transplante

Finalmente, no dia 22 de julho, em Juiz de Fora, o transplante foi realizado. Josiele passou uma semana no hospital, preparando seu corpo para o procedimento, que exigia a produção de um grande número de células-tronco. “Eles fazem uma contagem diária de células. No quarto dia, cheguei a 270 milhões de células e pude fazer o transplante”, conta ela. O procedimento, que durou cerca de quatro horas, foi tranquilo e indolor, e Josiele pôde retornar à sua rotina logo após receber alta.

a Policial Militar Josiele Veríssimo. Foto: Josiele Veríssimo/Arquivo Pessoal

 

O altruísmo de Josiele poderá ser recompensado com uma notícia ainda mais emocionante daqui a dois anos, quando ela terá a oportunidade de saber mais sobre o paciente que recebeu sua doação. “Por enquanto, o que eu sei é que tiraram células suficientes para um segundo procedimento, caso o paciente precise”, explica.

 

O Redome

A história de Josiele é um poderoso lembrete da importância do cadastro de doadores de medula óssea. Segundo dados do Redome (CLIQUE AQUI PARA FAZER SEU CADASTRO DE DOADOR DE ÓRGÃOS), o Brasil conta com 5,5 milhões de doadores registrados, enquanto cerca de 2 mil pessoas esperam por um transplante. O Paraná, em particular, se destaca como o terceiro estado brasileiro em número de transplantes de medula, com 36,3 procedimentos por milhão de habitantes ao longo de 2023.

Para aqueles que se inspiraram na ação de Josiele, o processo de se tornar um doador é simples: basta procurar um Hemocentro com um documento oficial e se inscrever no registro de doadores. No Paraná, todas as unidades da rede Hemepar estão preparadas para realizar esse cadastro. “Nós somos milhões de pessoas saudáveis que podem ajudar o próximo. O mais importante de tudo isso é que as pessoas se cadastrem no registro de doadores”, finaliza Josiele, emocionada com a oportunidade de ter feito a diferença na vida de alguém.