Saúde Medicina
Medicina sob pressão: só seis cursos do país alcançam nota máxima no Enade 2023
Mais de 300 cursos foram avaliados, mas a maioria ficou entre as notas 3 e 4
13/04/2025 09h24
Por: João Livi Fonte: Ministério da Educação
Dos 309 cursos de medicina avaliados, somente seis atingiram nota 5. (Foto: Freepik)

O retrato do ensino médico superior no Brasil, revelado pelo Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2023, mostra que a excelência ainda é para poucos. Dos 309 cursos de medicina avaliados, somente seis atingiram nota 5, o conceito máximo da avaliação aplicada pelo Ministério da Educação. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (11) e destacam que a maioria dos cursos ainda apresenta desempenho intermediário.

Entre os cursos com nota máxima, cinco são de instituições privadas e apenas um pertence à rede pública: a Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), em São Paulo. Os outros cinco cursos mais bem avaliados são:

A maioria está no meio da tabela

De acordo com os dados, 119 cursos de medicina receberam nota 4, enquanto 156 ficaram com conceito 3. Outros 22 cursos tiveram desempenho considerado insatisfatório (nota 2) e dois cursos obtiveram nota 1, o pior desempenho possível. Quatro cursos não foram avaliados por falta de concluintes suficientes.

A nota final do Enade leva em conta uma série de fatores: desempenho dos estudantes, infraestrutura das instituições, qualidade do corpo docente, materiais didáticos e respostas a um questionário socioeconômico aplicado aos alunos.

Saúde continua entre as áreas mais bem avaliadas

O Enade 2023 avaliou 9.812 cursos superiores em todo o Brasil, abrangendo áreas como saúde, engenharias, agronomia e tecnologia. Na média geral, os cursos de medicina obtiveram nota 65, seguidos por fisioterapia, com 53,67.

Outras áreas com bom desempenho incluem:

A avaliação incluiu tanto bacharelados quanto cursos tecnológicos, em áreas como engenharia civil, engenharia de alimentos, engenharia elétrica, medicina veterinária, enfermagem, nutrição, radiologia e gestão hospitalar.

Educação a distância  

O levantamento do MEC também mostrou uma diferença significativa entre o desempenho de cursos presenciais e a distância. Enquanto 492 cursos presenciais atingiram a nota máxima (cerca de 5% do total), apenas seis cursos a distância obtiveram o mesmo desempenho — o que representa menos de 1% dos avaliados nesse formato.

A discrepância reacende o debate sobre a eficácia do ensino remoto em áreas que exigem grande carga prática, como saúde e engenharias. O MEC reforça a importância de critérios rígidos de avaliação e de fiscalização constante para garantir a qualidade dos cursos oferecidos no país.

Formação médica sob os holofotes

O Enade, mais do que um indicador de desempenho, funciona como termômetro da qualidade do ensino superior brasileiro. No caso da medicina, a avaliação de 2023 revela avanços pontuais, mas também escancara a necessidade de fortalecer a formação médica em todo o território nacional.

Com poucos cursos atingindo o topo e um número considerável operando em patamares médios ou baixos, os dados acendem um alerta. A qualidade da formação médica está diretamente ligada à saúde pública e à segurança dos pacientes. E é nesse contexto que os números ganham ainda mais peso.