Saúde Transplantes
Paraná transforma dor em esperança e lidera doações de órgãos no Brasil pelo segundo ano seguido
Com estrutura sólida, capacitação contínua e envolvimento familiar, o Estado consolida sua liderança nacional em transplantes e registra os menores índices de recusa do País
10/04/2025 18h01
Por: João Livi Fonte: Secretaria de Estado da Saúde
Foto: Casa Militar

Pelo segundo ano consecutivo, o Paraná ocupa o primeiro lugar no Brasil em doações de órgãos, atingindo 42,3 doadores por milhão de população (pmp) em 2024 — mais que o dobro da média nacional, que é de 19,2 pmp. A conquista não é apenas numérica. Por trás desses índices estão histórias comoventes de generosidade, preparo profissional e logística eficiente que transformam dor em salvação.

Liderança também na efetividade

Além da taxa de doação, o Estado também é o mais eficiente quando se trata da efetivação dos transplantes. Foram 36 doadores pmp que, de fato, resultaram em órgãos transplantados — mais que o dobro da média brasileira (17,5 pmp). Ao todo, o Paraná registrou 500 doadores efetivos, que possibilitaram 903 transplantes de órgãos e 1.248 de córneas em 2024.

"Mesmo na dor, escolhemos a vida"

Para nós é motivo de muito orgulho manter esse destaque. Mesmo na dor, num momento de perda, os paranaenses colocam a vida de outras pessoas em primeiro lugar”, afirma Beto Preto, secretário de Estado da Saúde. O sentimento é compartilhado por Márcia Soeli Pereira, de Pato Branco, que perdeu o filho de 37 anos para um aneurisma cerebral. “Ele salvou três vidas. Saber disso me ajuda a seguir em frente”, conta.

A delicadeza da autorização  

No Brasil, a autorização para doação de órgãos após morte encefálica depende exclusivamente da família. Mesmo que o desejo tenha sido registrado em vida, a palavra final é dos parentes. No Paraná, esse processo é conduzido com cuidado e eficiência pelas equipes do Sistema Estadual de Transplantes (SET/PR), resultando na menor taxa de recusa familiar do País: 28%, bem abaixo da média nacional, que chega a 46%.

Logística de ponta  

A operação de transplantes no Estado conta com uma estrutura robusta. Aviões e helicópteros da Casa Militar estão disponíveis 24 horas por dia para transportar órgãos e equipes médicas. Em 2024, foram 133 voos realizados, que viabilizaram o transplante de 250 órgãos. Desde 2019, o sistema já somou 654 missões aéreas com mais de 1,8 mil horas de voo.

Transplantes que mudam destinos

Alessandra Rosa da Silva, de Curitiba, recebeu um novo coração após dois anos e meio de espera. “Meus batimentos estavam muito baixos. Hoje tenho uma nova vida”, relata. Jair Cabral de Souza, de Pinhais, também ganhou uma nova chance: “A cirurgia salvou minha vida. Agora sou doador também”, diz, emocionado.

Capacitação  

A excelência do sistema paranaense também passa pela formação de profissionais. Em 2024, já foram realizados 24 cursos e oficinas, além de 75 palestras e ações de conscientização. Cerca de 565 profissionais foram capacitados apenas este ano, somando-se aos mais de 1.100 capacitados no ano anterior.

Estrutura que sustenta  

A engrenagem é coordenada pelo SET/PR, com sede em Curitiba e quatro Organizações de Procura de Órgãos espalhadas pelo Estado. Ao todo, são cerca de 700 profissionais, distribuídos em 70 hospitais notificantes, 34 equipes transplantadoras de órgãos e 72 de tecidos, além de laboratórios e bancos de tecidos especializados.

Números que impressionam

Na pediatria, o Estado também se destaca, com a segunda maior taxa de transplantes de coração entre crianças e adolescentes (2,4 pmp), terceiro lugar em fígado (6,1 pmp) e quinto em rins (5,2 pmp).

Fila de espera 

Apesar dos avanços, ainda há 3.843 pacientes no Paraná aguardando por um órgão, segundo dados estaduais de março. A maioria aguarda por um rim (1.955), seguida por córneas (1.631), fígado (201) e coração (28).

A engrenagem que salva

São as capacitações constantes, a estrutura disponível e, acima de tudo, a consciência das famílias que fazem do Paraná essa referência em doação”, destaca Juliana Ribeiro Giugni, coordenadora do Sistema Estadual de Transplantes.

Por que o Paraná é exemplo?

✔️ Taxa de recusa familiar mais baixa do País
✔️ Estrutura logística aérea e terrestre ativa 24h
✔️ Equipes treinadas e programas contínuos de capacitação
✔️ Integração entre hospitais, equipes de transplante e laboratórios
✔️ Política pública de saúde comprometida com a vida

Doe órgãos, doe vida

A decisão de doar órgãos não apaga a dor da perda, mas transforma o fim de uma história em novos começos. O Paraná mostra, com números e humanidade, que solidariedade pode — e deve — ser política pública.