Mundo Caminho da China
Brasil acelera conexão com porto peruano para fortalecer laços comerciais na América do Sul
Nova rota comercial via porto de Chancay promete reduzir custos e tempo de exportação para a Ásia, impulsionando a economia brasileira
03/02/2025 09h23
Por: João Livi
O megaporto de Chancay, no Peru, passa a ser uma nova rota de caminho para a China. Foto: Divulgação

A abertura do megaporto de Chancay, no Peru, está prestes a transformar a logística internacional e colocar o Brasil em um novo patamar na integração comercial com a Ásia. Com inauguração operacional prevista para março, o porto, localizado a 70 km de Lima, promete reduzir em até dez dias o tempo de transporte de mercadorias pelo oceano Pacífico, ampliando as oportunidades econômicas para os países sul-americanos.

Uma nova rota para a competitividade

A chamada "Rota 2" se apresenta como o caminho mais avançado para a conexão brasileira com o complexo peruano. Essa alternativa utilizará a hidrovia do rio Solimões, que se estende até o rio Amazonas, garantindo um fluxo contínuo de mercadorias entre os dois países. Para viabilizar essa operação, a dragagem do rio foi iniciada em 2023 e deverá ser concluída entre julho e agosto deste ano.

Além disso, uma unidade da Receita Federal está sendo construída em Tabatinga (AM), na fronteira com o Peru. Com funcionamento permanente, a estrutura facilitará os trâmites alfandegários, agilizando a fiscalização e tornando a rota ainda mais eficiente.

Investimentos em infraestrutura impulsionam as conexões

Desde 2023, o governo brasileiro tem investido no programa Rotas de Integração Sul-Americana, que busca fortalecer a malha logística entre os países vizinhos. Em 2024, foram aplicados R$ 4,1 bilhões em obras associadas ao projeto, abrangendo 190 iniciativas do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Para 2025, está previsto um novo aporte de R$ 4,5 bilhões para a execução de mais 140 projetos.

O financiamento dessas obras também conta com uma carteira robusta de crédito internacional. O BNDES, CAF, BID e Fonplata já disponibilizaram cerca de US$ 7 bilhões para fortalecer as novas rotas de escoamento da produção brasileira.

Impacto econômico e estratégico

A ampliação das conexões comerciais com o porto de Chancay tem potencial para impulsionar a economia dos estados brasileiros que fazem fronteira com países sul-americanos. A expectativa é que a integração logística favoreça as exportações e reduza custos, tornando os produtos nacionais mais competitivos no mercado asiático.

O governo também trabalha na implementação da "Rota 3", que prevê a interligação terrestre com o Peru a partir de estradas localizadas no Acre, Rondônia e Mato Grosso. O objetivo é diversificar os acessos ao porto e consolidar o Brasil como um dos principais players logísticos da região.

Enquanto isso, as movimentações políticas internacionais continuam a influenciar as estratégias econômicas do Brasil. Declarações recentes de assessores do ex-presidente americano Donald Trump indicam uma preocupação crescente com a presença chinesa na infraestrutura da América Latina. Apesar dessas pressões, o Brasil segue firme em seu compromisso de ampliar sua presença nos mercados globais.

Com a iminente operação do porto de Chancay e os investimentos em infraestrutura, o país se posiciona estratégicamente para uma nova era de desenvolvimento logístico e comercial.