O Pão no Bafo de Palmeira dá um passo importante rumo ao reconhecimento oficial. O pedido de Indicação Geográfica (IG), na modalidade Indicação de Procedência (IP), foi protocolado no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) na última sexta-feira (31). O registro [BR 40 2025 000002 0] pode garantir a proteção e valorização desse prato típico do município de Palmeira, nos Campos Gerais do Paraná.
A receita, trazida em 1878 pelos imigrantes russo-alemães, se tornou símbolo da identidade cultural local. Preparado com carne suína, repolho (azedo ou tradicional) e pãezinhos cozidos a vapor, o prato foi declarado Patrimônio Imaterial de Palmeira em 2015.
O processo de certificação conta com a parceria da Prefeitura de Palmeira, Sebrae/PR, Conselho Municipal de Turismo (Comtur) e outras entidades locais. Segundo Nádia Joboji, consultora do Sebrae/PR, a IG trará benefícios culturais e econômicos.
“A organização conjunta foi essencial para buscar esse reconhecimento. A IG pode impulsionar o turismo, fortalecer a identidade local e agregar valor à gastronomia regional, além de proteger a autenticidade do prato”, explica Nádia.
A presidente da Associação dos Produtores de Pão no Bafo de Palmeira (Apafo), Rosane Radecki, ressalta que a certificação padronizará o preparo e estimulará mais estabelecimentos a aderirem à tradição:
“Os restaurantes interessados deverão seguir o Caderno Técnico de Especificações, garantindo que a identidade do prato seja mantida”.
Para os moradores, a certificação significa a continuidade de um legado familiar. Rosemari Schweigert Schuebel, residente de Palmeira, compartilha sua história com o prato.
“Minha mãe aprendeu a receita com minha avó, casada com um imigrante russo, e sempre fizemos em casa. Em 2024, passei a comercializar na feira da Colônia Quero-Quero. A certificação ajudaria a preservar essa tradição para as próximas gerações”, destaca.
Paraná: destaque em Indicações Geográficas
O Paraná é um dos estados com mais produtos reconhecidos pelo INPI, com 16 Indicações Geográficas registradas, incluindo a Cracóvia de Prudentópolis, a cachaça de Morretes e os queijos coloniais de Witmarsum. O estado fica atrás apenas de Minas Gerais, que possui 20 IGs.
Outros produtos paranenses também aguardam certificação, como as tortas de Carambeí, a carne de onça de Curitiba e o urucum de Paranacity.
Com o avanço do pedido de IG para o Pão no Bafo, Palmeira se aproxima de integrar essa lista, consolidando seu patrimônio gastronômico e cultural. O reconhecimento promete atrair turistas e gerar novas oportunidades para os produtores locais.