A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Alforria, apresentada pelo deputado federal Maurício Marcon (Podemos-RS), está abrindo caminho para um debate acirrado sobre o futuro das relações de trabalho no Brasil. Inspirada no modelo americano de remuneração por horas trabalhadas, a proposta visa dar aos trabalhadores a opção de escolher entre o regime tradicional da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) ou um modelo mais flexível, no qual a remuneração é proporcional à carga horária cumprida.
Segundo Marcon, a PEC oferece uma alternativa moderna e eficiente ao regime tradicional, alinhando-se à busca por maior autonomia individual. Apesar disso, a proposta mantém garantias como o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), férias e 13º salário, adaptando-os proporcionalmente ao tempo trabalhado. Essa abordagem, segundo o deputado, reduz a burocracia e reflete as novas demandas do mercado de trabalho.
A PEC da Alforria surge em oposição à proposta da deputada Erika Hilton (PSOL-SP), que defende a adoção do regime 4x3 (quatro dias de trabalho e três de descanso). Enquanto Hilton argumenta que sua proposta melhora a qualidade de vida dos trabalhadores e aumenta a produtividade, Marcon defende que sua proposta dá mais liberdade de escolha aos empregados, permitindo-lhes adaptar suas jornadas conforme suas realidades pessoais e profissionais.
Com 70 parlamentares já apoiando a iniciativa, a PEC da Alforria ganhou força no Congresso Nacional. No entanto, críticos levantam preocupações sobre possíveis reduções salariais e o risco de precarização das condições de trabalho. Especialistas alertam que o novo modelo pode beneficiar mais os empregadores do que os trabalhadores, além de trazer impactos econômicos como o aumento de preços em setores sensíveis.
O debate em torno da PEC da Alforria ilustra a tensão entre a busca por maior flexibilidade no mercado de trabalho e a necessidade de proteger os direitos dos trabalhadores. O resultado das discussões no Congresso será crucial para determinar se o Brasil está preparado para adotar um modelo mais flexível ou se continuará priorizando a estabilidade proporcionada pela CLT.