Pesquisadores da Universidade de Copenhagen, na Dinamarca, fizeram uma descoberta significativa que pode transformar o tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2. O novo medicamento, que reduz o apetite, aumenta o gasto calórico e melhora a sensibilidade à insulina sem causar náusea ou perda de massa muscular, foi apresentado em um estudo publicado na revista Nature na última quarta-feira (13).
Medicamentos como semaglutida (comercializados como Wegovy e Ozempic) e tirzepatida (Mounjaro) têm sido amplamente utilizados por suas eficazes propriedades de emagrecimento e controle da glicemia. Contudo, seus efeitos colaterais, que incluem náuseas e vômitos, têm sido um grande desafio para a tolerância dos pacientes.
A nova descoberta proporciona uma alternativa que pode tornar os tratamentos para obesidade e diabetes tipo 2 mais eficazes e toleráveis para milhões de pessoas. Segundo Zach Gerhart-Hines, professor associado do NNF Foundation Center for Basic Metabolic Research (CBMR) da Universidade de Copenhagen, “aproveitar com segurança o gasto de energia e controlar o apetite sem náuseas continuam sendo dois Santos Graais neste campo. Ao abordar essas necessidades, acreditamos que nossa descoberta impulsionará as abordagens atuais para tornar tratamentos mais toleráveis e eficazes acessíveis a milhões de indivíduos a mais”.
Para chegar a essa inovação, a equipe de pesquisadores testou os efeitos da ativação do receptor de neurocinina 2 (NK2R) em camundongos. Triagens genéticas indicaram que este receptor desempenha um papel crucial na manutenção do equilíbrio energético e no controle da glicose. A ativação do NK2R não apenas aumentou a queima de calorias com segurança, mas também diminuiu o apetite sem causar sinais de náusea.
Estudos subsequentes em primatas não humanos com diabetes tipo 2 e obesidade revelaram que a ativação do NK2R também reduziu o peso corporal e melhorou a sensibilidade à insulina, além de diminuir níveis de açúcar, triglicerídeos e colesterol no sangue.
Um dos maiores desafios no desenvolvimento de medicamentos é a tradução dos resultados de camundongos para humanos. Frederike Sass, estudante de doutorado do CBMR e primeira autora do estudo, ressaltou a importância dessa descoberta: “Ficamos animados que os benefícios do agonismo do NK2R foram traduzidos para primatas não humanos diabéticos e obesos, o que representa um grande passo em direção à tradução clínica”.
Para os cientistas, esta descoberta promete levar ao desenvolvimento de uma nova geração de terapias medicamentosas para diabetes tipo 2 e obesidade, oferecendo soluções mais eficazes e bem toleradas para a população. A Universidade de Copenhagen detém os direitos de patente do NK2R, indicando um futuro promissor para este campo de pesquisa.
A descoberta desse novo medicamento marca um avanço significativo no tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2. Com potencial para reduzir os efeitos colaterais indesejados presentes nos tratamentos atuais, essa inovação pode melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas, representando um salto importante na medicina moderna.